A CAMPAINHA
A campainha toca, toca e fujo
Mas não é brincadeira de criança
Conheço os rumores da vizinhança !
Que vivo só com os meus livros belos
Que passo o dia de chinelos,
Que sou um tipo solitário
Que tenho esqueletos no armário
Que sou um homem reservado
Que ando sempre calado
Que só oiço música antiga
Nunca me viram com uma rapariga
Que baixo o olhar
Quando alguma me vem falar
Que gosto delas bonitas
Que espio lolitas
Fico cheio de calores quando oiço tais rumores
A campainha toca, toca e fujo
Mas não é brincadeira de criança
Conheço os rumores da vizinhança !
Que vivo só com os meus livros belos
Que passo o dia de chinelos,
Que sou um tipo solitário
Que tenho esqueletos no armário
Que sou um homem reservado
Que ando sempre calado
Que só oiço música antiga
Nunca me viram com uma rapariga
Que baixo o olhar
Quando alguma me vem falar
Que gosto delas bonitas
Que espio lolitas
Fico cheio de calores quando oiço tais rumores
A campainha toca toca, na porta da minha toca
Fico silencioso como um rato,
vem aí outro chato.
Chego-me ao peitoril, o coração a mil
A campainha toca e eu retoco
Aquela expressão estudada de surpresa,
Deve ser a Dona Teresa,
A reclamar os dois meses de renda
Ou um chato daqueles da venda
De livros por catálogo,
não há quem entenda
Que fujo ao diálogo
Sou um tipo que não presta.
vem aí outro chato.
Chego-me ao peitoril, o coração a mil
A campainha toca e eu retoco
Aquela expressão estudada de surpresa,
Deve ser a Dona Teresa,
A reclamar os dois meses de renda
Ou um chato daqueles da venda
De livros por catálogo,
não há quem entenda
Que fujo ao diálogo
Sou um tipo que não presta.
Espreito pela fresta,
Tomado de terror, deve ser algum credor,
Deve ser a polícia
- de alguma esquadra,
Será algum antigo amor
A Patrícia !
A reclamar as aguarelas
Que vendi na Feira da Ladra,
A guinchar antigas querelas
Sim, vejo o mundo por janelas, por um quadro
No meu metro quadrado, em clausura
Mas não é loucura, loucos são vocês,
Tocam à campainha outra e outra vez,
Deixem-me sozinho,
No meu cantinho, na minha torre de menagem,
Por favor deixe mensagem
Toca a campainha com insistência, que insolência
Em pèzinhos de lã, desço a escada
Na esperança vã de que não se oiça nada ;
Paro subitamente quando range um degrau
Foda-se, isto é mau
Não me atrevo a acender a luz para fugir ao truz-truz,
Sustenho a respiração
Espero não ser traído p´lo bater do coração.
Seja quem for não desiste, persiste
Agora fala com porteira, que eu odeio
"Vou deixar na caixa de correio"
Maldita velha, imagino-me a matá-la
Com as minhas mãos, esganá-la
Mãos à volta do pescoço
E torço, torço, torço
Mato-lhe também o gato, outro chato
Não soltava um pio...
Mas agora rio, rio, rio
Com uma alegria que estravaza
E oiço de novo o Chato a falar
"Afinal está alguém em casa!"
E a campainha volta, volta, volta a tocar.
Tomado de terror, deve ser algum credor,
Deve ser a polícia
- de alguma esquadra,
Será algum antigo amor
A Patrícia !
A reclamar as aguarelas
Que vendi na Feira da Ladra,
A guinchar antigas querelas
Sim, vejo o mundo por janelas, por um quadro
No meu metro quadrado, em clausura
Mas não é loucura, loucos são vocês,
Tocam à campainha outra e outra vez,
Deixem-me sozinho,
No meu cantinho, na minha torre de menagem,
Por favor deixe mensagem
Toca a campainha com insistência, que insolência
Em pèzinhos de lã, desço a escada
Na esperança vã de que não se oiça nada ;
Paro subitamente quando range um degrau
Foda-se, isto é mau
Não me atrevo a acender a luz para fugir ao truz-truz,
Sustenho a respiração
Espero não ser traído p´lo bater do coração.
Seja quem for não desiste, persiste
Agora fala com porteira, que eu odeio
"Vou deixar na caixa de correio"
Maldita velha, imagino-me a matá-la
Com as minhas mãos, esganá-la
Mãos à volta do pescoço
E torço, torço, torço
Mato-lhe também o gato, outro chato
Não soltava um pio...
Mas agora rio, rio, rio
Com uma alegria que estravaza
E oiço de novo o Chato a falar
"Afinal está alguém em casa!"
E a campainha volta, volta, volta a tocar.
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