terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Reflexões, 6 - Sentidos de liberdade

Um dia destes, conheci mais um cromo da nossa amada capital, que é rica neles. No autocarro a caminho da Biblioteca Municipal dos Olivais, havia um homem que não só não se calava como falava àcerca de tudo e mais alguma coisa, ininterruptamente. O seu discurso tão depressa passava da palavra de ordem como para a vulgar profanidade. Saltava da crítica social para a observação profunda. Fazia retratos à la minute das pessoas que passavam. Citava. Reclamava direitos comuns a todos, e invectivava as potestades. À saída decidi conhecê-lo melhor. Fiquei a saber que grava o que diz num gravador de jornalista, e colige tudo em ficheiros de audio. Artista da palavra, da spoken word, este auto-proclamado profeta de rua que mete conversa com toda a gente pareceu-me simples e feliz como um passarinho, sem quaisquer constrangimentos. Voava pelas palavras. Livre.

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