sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Testemunhos de Fé, 1 - Meu Irmão Gato

15/06/2013 O ano passado fiz os Exercícios Espirituais de Sto. Inácio de Loyola na Casa da Torre, centro cultural e de retiros da Companhia de Jesus, perto de Braga, durante a Semana Santa. Bem à maneira inaciana, prometi defender aqueles que não podem defender-se a si próprios - os fracos, os doentes, os idosos, as crianças, os oprimidos, as vítimas da injustiça. E hoje vivi um pequeno milagre. Costumo ir à missa das 19 horas à Igreja da Luz, no Largo da Luz, em Lisboa. Quando chego adiantado, pego no meu livro e fumo um cigarro. Foi o caso de hoje. Enquanto lia, vi um gatinho de uns 2/3 meses a andar com dificuldade rumo a um canto do adro da Igreja. Condoído, não o perdi de vista. Qual não foi o meu espanto quando vi o bichano a entrar para dentro da igreja ! O pequeno felino não passou das pesadas portas de madeira daquela igreja do séc. XVI. Enfiou-se no estreito espaço entre a porta e a grossa parede de pedra, e lá ficou, fraco e cansado, escondido o mais ao fundo que lhe foi possível. Fiquei a observá-lo até ter que entrar para participar na santa Eucaristia.Mal ouvi a homilia. Passei o tempo todo a orar, a pedir a Jesus Cristo Nosso Senhor, e p´la intercessão de São Francisco de Assis, para que aquele pequeno irmãozinho fosse ajudado. Que os nossos corações fossem inspirados e preenchidos de Amor, a fim de que uma vida inocente fosse salva - porque todos somos criaturas de Deus.Costumo ficar sempre mais uns minutos depois do fim. Mas hoje não. Voltei logo para a porta da igreja, onde o pobrezinho ainda se quedava. E comecei imediatamente a interpelar as pessoas, em busca de uma solução para o problema que era o gatinho. Finalmente alguém sentiu a compaixão que eu estava tão esforçadamente a querer passar. Uma senhora conduziu-me à sacristia, e ela própria conduziu a conversa. O sacristão disse-me que o gatinho tinha que ser colocado de volta na rua.Senti o sangue a ferver-me nas veias. Disse-lhe que isso não era muito franciscano da parte deles, e que, apesar de não ter condições de acolher o animal, eu mesmo o faria. E ele lá me deu uma caixa de cartão, talvez a melhor morada que o meu novo amigo peludo jamais tivera...E dei comigo na paragem de autocarro, falando com ele e com os meus botões : E agora, o que é que eu faço ? Vivo numa moradia, numa vivenda, é um facto, mas só ocupo um quarto...telefonei à minha senhoria que, fazendo jus à classe e ao grande coração que tem, me autorizou a alimentá-lo lá, e construir um abrigo no jardim. Pedi conselho à minha irmã Patrícia, que por sua vez se disponibilizou a ficar com o gato, apesar de o seu apartamento não ser grande e já ter também uma gata, até o pequenote recuperar forças, crescer, e ser autónomo e eu poder acolher-lo. Ainda não sei o sexo do animal, mas chamei-lhe Chico : em honra do Papa Francisco, e do grande Santo cujo nome escolheu. Deus seja louvado, pois peço mais Fé e as minhas preces são escutadas ! 20/12/2013 - ACTUALIZAÇÃO Efectivamente levei o gatinho para casa da minha irmã, que tratou dele com o amor e o carinho com que trata todos os animais ; e a minha sobrinha Beatriz, na altura com 5 anos, deu ao bichano o nome de Kikas. Ele acabou por morrer, não muito tempo depois, e fiquei tristíssimo com a perda. Sepultei-o num jardim, perto de onde ele havia vivido os seus últimos dias. Pensei que talvez ele tivesse ido para o Céu, para alegrar um menino que precisava da sua companhia. Mas nunca mais esqueci esse sinal, essa manifestação do amor de Deus.

Sem comentários:

Enviar um comentário